domingo, 25 de janeiro de 2015

Saiba mais sobre DOR CRÔNICA


Saiba mais sobre a DOR CRÔNICA

A dor crônica é uma condição clínica que causa sofrimento e incapacidade em uma grande parcela da população. Muitas vezes é de difícil controle, mas muito se tem pesquisado para aliviar o sofrimento desses pacientes.

 
  O Grito – Edvard Munch, 1893

 

Mas para continuar este artigo, vamos inicialmente definir o que é dor.

Segundo a Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP), a dor se caracteriza como uma “experiência sensorial e emocional desagradável associada a um dano real ou potencial dos tecidos, ou descrita em termos de tal dano. É uma experiência subjetiva e pessoal, envolve aspectos sensitivos e culturais que podem ser alterados pelas variáveis socioculturais e psíquicas do indivíduo e do meio”.

Ou seja, cada indivíduo sente dor a sua maneira. Uma dor nunca é igual entre duas pessoas, mesmo quando o fator causador é igual. Percebemos isso facilmente na prática clínica diária. Cada pessoa reage ao estímulo doloroso de forma individual, baseado não apenas no aspecto físico da agressão aos tecidos, mas também nas experiências semelhantes que já passou ou presenciou na vida, na ansiedade, na insegurança, no medo; ou por outro lado, na tranquilidade derivada da confiança de que tudo vai dar certo. Não é à toa que Deus deu o encargo de gestar e parir às mulheres, pois em geral, elas são muito mais corajosas e resistentes à dor aguda que os homens. Entretanto, por serem muito mais sensíveis e emotivas sofrem muito mais de dor crônica. Pode parecer bobagem, né. Mas sentimentos e emoções tem muito a ver com dor crônica.

PRINCIPAIS TIPOS DE DOR





DOR
NOCICEPTIVA

NEUROPÁTICA

MORAL
 

 

 

As principais causas de dor nociceptiva são os traumas, os processos inflamatórios, infecciosos e a lesão mecânica dos tecidos.

A dor neuropática acontece em função de algum distúrbio das fibras dos nervos que transportam os impulsos sensitivos. Pode acontecer em função de doença do próprio nervo ou de doenças sistêmicas, sendo uma de suas principais causas o Diabetes.

Já sentimentos como a raiva, a inveja, a culpa, o orgulho e alguns transtornos psiquiátricos causam o que chamo de “dor moral”. Que, às vezes, é pior e mais duradoura do qualquer outra.

Mas a dor não é de todo ruim, não. Ela é um dos mecanismos de autopreservação mais eficientes e rudimentares. Casos raros de pessoas que nascem com uma anormalidade genética que as impede de sentir dor, geralmente não chegam a viver além da adolescência. Imagine como seria não ter o alerta da dor para nos livrar do perigo e nos avisar das lesões ao organismo!

 


 

Apesar de ser um importante sinal de alerta, nos casos de dor crônica mesmo com a retirada do estímulo nocivo ela permanece.

Por definição, dor crônica é aquela que dura continuamente por pelo menos 3 meses. Alguns autores divergem quanto ao tempo, determinando que só é crônica depois de 6 meses. Cá entre nós, eu prefiro a definição de 3 meses. Se não suportamos uma dor por uma hora, quem dirá este tempo todo? Além do mais, 3 meses é tempo suficiente para alterar os mecanismos biopsicossociais e neurofisiológicos que ajudam a perpetuar o processo. Devido a sua longa duração, a dor crônica perde a função de manter a homeostase e de ser sinal de alerta, causa comprometimento funcional, sofrimento, incapacidade progressiva e custo socioeconômico. E ela é muito mais comum do que você imagina. Segundo estatísticas da Organização Mundial da Saúde (OMS), a dor crônica acomete cerca de 30% da população mundial. Só no Brasil, isso corresponderia a mais de 60 milhões de pessoas, sendo que metade delas apresenta algum comprometimento em sua rotina diária. Com o avançar da idade, o problema agrava-se ainda mais. Estima-se que 80% a 85% dos indivíduos com mais de 65 anos apresentem pelo menos um problema significativo de saúde que os predisponham à dor. Não nos esqueçamos de que a expectativa de vida dos brasileiros vem aumentando, o que fará com que os problemas crônicos relacionados a idade como a artrite, a artrose, a osteoporose, o diabetes, etc.; também aumentem fazendo com que cresça o número de pessoas necessitando assistência médica para tratamento da dor.


Há muitas alternativas para o controle da dor crônica. O tratamento passa obviamente pelo diagnóstico correto da origem do problema. Cada patologia tem uma abordagem diferente, mas raramente fácil. É comum vermos pacientes que vem passando por uma verdadeira peregrinação de médicos, às vezes cinco, sete ou mais, com uma sacola enorme de exames, sem alívio da dor. O médico lida frequentemente com um paciente impaciente, querendo livrar-se imediatamente do problema com um comprimido ou uma fórmula mágica, sem querer mudar nada nos seus hábitos diários. O paciente a seu turno, lida muitas vezes com profissionais impacientes, que não gostam de ouvir, examinar, investigar e entender os complexos mecanismos que levam aquele indivíduo à dor. Preferem receitar logo um remédio e passar ao próximo cliente. Mas quando paciente e médico doam-se integralmente, os resultados podem ser muito favoráveis.

Nem sempre é possível eliminar completamente a dor, pois às vezes a causa é derivada de processos degenerativos irreversíveis, próprios da natureza do indivíduo. Mas é sempre possível melhorar a qualidade de vida daqueles que sofrem.

Sempre é bom lembrar, que junto do comprimido de remédio para a dor é importante receitar o comprimido de “paciência”. Os problemas crônicos demoram para melhorar. Não é com um comprimido ou dois que o problema vai desaparecer. Temos que entender isso para não perder a fé no tratamento.




O por falar em fé, sabemos que ela tem um papel importantíssimo no tratamento destes pacientes. Se a fé move montanhas, será que ela não consegue atenuar uma dor? Há vários estudos ao redor do mundo mostrando que sim. Muitos autores têm demonstrado que o fator fé, religiosidade/espiritualidade tem se mostrado muito eficiente para aliviar o sofrimento. Não se justifica com isso radicalismos, como abandonar o tratamento médico convencional, mas é sem dúvida uma ferramenta de grande utilidade para a maioria das pessoas, seja da religião que for. Se você é católico, evangélico, espírita, budista, muçulmano, não importa. Todos os caminhos te levam de alguma forma para Deus. Alguns são mais tortuosos que outros, porém se dedicados ao bem e a reforma íntima, são experiências válidas na senda do progresso moral. Associa-se também o tratamento psiquiátrico/psicoterapêutico em casos selecionados, para um melhor resultado no controle dos sintomas. Algumas vezes, como pano de fundo de uma dor rebelde, encontramos uma profunda problemática existencial com muitos conflitos na família, depressão, ansiedade, angústia, etc. Esses conflitos aumentam o sofrimento e a percepção da dor, e a dor por sua vez, aumenta a depressão e a ansiedade, formando uma bola de neve sem fim. Afinal, quem é feliz com dor?

Por isso, costumo recomendar além do tratamento médico convencional, o tratamento psiquiátrico/psicoterapêutico quando indicado e a terapêutica da fé. O estudo do Tratado de terapêutica da alma mais completo, o Evangelho de Jesus, ajudou e tem ajudado inúmeras pessoas a superar os mais diversos problemas há mais de dois mil anos. Estudo, trabalho edificante e disciplina são ferramentas preciosas no combate ao sofrimento de toda a ordem.

Por isso, se você sofre intensamente com a dor crônica, não se desespere. Há sempre uma saída, uma maneira de aliviar o martírio de quem sofre. Os ensinamentos deixados no Evangelho, associados ao desenvolvimento progressivo da ciência que já olha para os mistérios da física quântica para solucionar antigos problemas, ainda tem muito a nos oferecer. Mas e você? O quanto você está disposto a mudar para ser realmente feliz? Pense nisso.

Com este artigo não tenho a intensão de esgotar o assunto, e nem o seria possível, mas tão somente de dividir experiências e reflexões a respeito de assunto tão complexo e ao mesmo tempo para mim, apaixonante.















 

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Saiba mais sobre a LESÃO MENISCAL

Os meniscos são estruturas localizadas no interior dos joelhos e são consideradas uma fibrocartilagem. Eles possuem 75% de sua estrutura composta por água. Os 25% restantes são formados por células chamadas fibrocondrócitos e uma matriz extra-celular composta de proteoglicanos, glicoproteínas, elastina e, principalmente, colágeno tipo 1 (existem vários tipos de colágeno, formando diferentes tipos de tecido conjuntivo no corpo humano).
Vista anterior e superior do joelho direito mostrando os meniscos

Em cada joelho temos 2 meniscos, sendo um medial e outro lateral, ambos em forma de "C" ou "meia-lua" como na figura acima. O menisco medial é mais aberto e menos móvel, com inserções na cápsula e no ligamento colateral medial. O menisco lateral é mais fechado e tem menos inserções capsulares, sendo por esses motivos, mais móvel. Os meniscos tem irrigação sanguínea apenas em sua porção mais externa e um pouco na porção intermediária. O 1/3 mais central dos meniscos é completamente avascular e nutre-se unicamente através do líquido sinovial.
A essa altura você já deve estar pensando, mas afinal, para que servem os meniscos?
Os meniscos tem várias funções como:
1 - Distribuição de carga
2 - Aumento da área de contato do fêmur com a tíbia
3 - Absorção de impactos
4 - Lubrificação da cartilagem articular
5 - Estabilização secundária do joelho ( a primária cabe aos ligamentos)
6 - Propriocepção (também denominada como cinestesia, é o termo utilizado para nomear a capacidade em reconhecer a localização espacial da articulação, sua posição e orientação, a força exercida pelos músculos e a posição de cada parte do corpo em relação às demais, sem utilizar a visão. Este tipo específico de percepção permite a manutenção do equilíbrio postural e a realização de diversas atividades práticas. Resulta da interação das fibras nervosas no interior dos músculos, ligamentos e meniscos que trabalham para manter o corpo na sua base de sustentação, de informações táteis e do sistema vestibular, localizado no ouvido interno).
Agora sabemos que os meniscos são bem mais importantes do que imaginávamos!
Os pacientes com lesão do menisco podem apresentar alguns sintomas, principalmente:
1 - Dor na linha articular do joelho, pior ao agachar-se ou ao descer escadas
2 - Estalido no joelho
3 - Derrame articular (é o acúmulo de quantidade excessiva de líquido sinovial, o que causa inchaço e muita dor no joelho)
4 - Falseios (é a perda súbita da força na perna, durante alguns movimentos, podendo fazer com que o indivíduo caia ao solo)
5 - Bloqueio articular, principalmente em lesões agudas e graves como no caso da lesão em "alça-de-balde"
Clinicamente o menisco pode enganar ao médico. Mesmo com um exame físico bem feito, temos uma percentagem considerável de falsos-positivo e falsos-negativo para lesão meniscal. A literatura diz que o exame físico isolado tem uma confiabilidade variando entre 60 e 90%, o que é um espectro muito amplo. Na pior das hipóteses, 4 em cada 10 pacientes ficarão sem diagnóstico, se baseados apenas no exame físico. Por isso a necessidade de uma boa anamnese e eventualmente uso de exames complementares.
Dentre os exames complementares mais úteis para o diagnóstico de lesão meniscal temos:
1 - Raio X - útil para o diagnóstico diferencial (fraturas, osteocondrite dissecante, osteonecrose, etc), porém não faz o diagnóstico de lesão meniscal.
2 - Artrografia (raio-x com injeção de contraste) ou Pneumoartrografia (o mesmo anterior com adição de ar no joelho). Método invasivo e antigo, porém útil nos casos em que o paciente não pode ou não consegue realizar a ressonância magnética. Tem boa acurácia nas mãos de radiologista experiente.
3 - Ultrassonografia - exame com muitas limitações, é examinador-dependente (radiologista) e é muito pouco usado com este fim.
4 - Ressonância Magnética - método não-invasivo, com excelente acurácia, 90-98%.

São muitos os mecanismos da lesão meniscal

Quanto ao tipo, as lesões meniscais podem ser congênitas, traumáticas ou degenerativas. As congênitas baseiam-se principalmente em diferentes tipos de menisco discóide. Focaremos nas traumáticas e degenerativas por serem as mais comuns na prática diária.
As leões traumáticas tem início agudo, associado a trauma importante e o menisco tem coloração e consistência normais. As lesões degenerativas tem início insidioso, sem história de trauma importante e o menisco tem coloração e consistência alterados.

Com muita frequência, as lesões meniscais estão associadas a lesões do ligamento cruzado anterior (LCA). Cerca de 82% dos casos de lesão do LCA tem lesão meniscal associada.
Bem, agora você deve estar se perguntando sobre a parte mais importante, O TRATAMENTO!
O tratamento da lesão meniscal tem apresentado uma grande evolução nas últimas décadas, e continua evoluindo. Inicialmente o tratamento era a meniscectomia (retirada do menisco) total. Atualmente com a evolução da videoartroscopia (cirurgia por vídeo minimamente invasiva), pode-se realizar a ressecção apenas da parte lesada, a sutura meniscal e o futuro aponta para o transplante meniscal.

O tratamento conservador, ou seja, sem cirurgia, está restrito aos casos de pacientes assintomáticos, com lesões pequenas e periféricas que tenham potencial de cicatrização. Consiste em crioterapia (aplicação de gelo), atividade física de baixo impacto, analgesia e fisioterapia para reforço muscular.

O tratamento cirúrgico mais utilizado na prática clínica é a meniscectomia parcial. Ela deve ser feita em casos não suturáveis, tentando preservar o máximo de tecido meniscal remanescente.

A sutura meniscal está indicada em lesões traumáticas longitudinais da periferia do menisco, em pacientes jovens (abaixo de 45 anos), com lesões maiores de 10 mm, sem sinais de degeneração e com o joelho estável (sem lesão ligamentar ou com lesão ligamentar tratada concomitantemente). Essa técnica tem bons resultados, porém exige um tempo de recuperação pós-operatória muito mais longo (cerca de 6 meses) do que a meniscectomia parcial (cerca de 30 dias). Isso pode ser um problema quanto a indicação da técnica, principalmente em atletas de alto rendimento que necessitam de um retorno rápido às suas atividades esportivas.
A intensão deste artigo não é, de forma alguma, esgotar o assunto e sim trazer um pouco mais de informações, principalmente a você que tem ou teve uma lesão meniscal. Para sanar outras dúvidas é imprescindível que procure seu médico.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Saiba mais sobre a SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO

A Síndrome do túnel do carpo (STC) é causada pela compressão do nervo Mediano ao nível do punho e é considerada a compressão mais frequente dos membros superiores. Acomete principalmente pacientes do sexo feminino.

Estruturas do túnel do carpo ao nível do punho


O sintoma que os pacientes descrevem com maior frequência é o amortecimento da mão e dos dedos, principalmente polegar, indicador e médio. Muitas vezes, a "dormência" da mão pode acordar o paciente durante a noite. Isso, em geral, é causado por um aumento da pressão no túnel do carpo em virtude de uma flexão ou extensão excessiva do punho durante o sono. Atividades manuais corriqueiras podem exacerbar os sintomas com a evolução da doença. Sintomas relacionados à atrofia muscular e perda de força do polegar ocorrem nos estágios mais avançados da doença.
O lado acometido geralmente é o lado dominante, ou seja, o lado direito nas pessoas destras e o esquerdo nas canhotas. Porém, existe um número razoável de pessoas que apresentam a doença em ambas as mãos. Nesses casos, pode haver concomitância com outras patologias como diabetes, hipotireoidismo ou artrite reumatóide.

O diagnóstico pode ser obtido apenas pela história e por algumas manobras de exame físico específicas para a STC e pela inspeção das mãos. Entre essas manobras temos a pesquisa do sinal de Tinel, que consiste da percussão do Túnel do Carpo causando choque que se irradia para os dedos. O teste de Phalen consiste da flexão dos punhos por 1 minuto, reproduzindo assim, os sintomas. O teste de Durkan também pode reproduzi-los ao se realizar a compressão do túnel do carpo.

Teste de Phalen


Existem alguns diagnósticos diferenciais da STC, como por exemplo:
- Compressões das raízes nervosas na coluna cervical (principalmente por hérnias de disco)
- Doenças do plexo braquial
- Compressão do nervo Mediano em outro local diferente do túnel do carpo
- Fenômeno da dupla compressão (double crush), que consiste da compressão do nervo Mediano no túnel do carpo e concomitantemente em outro local.

O diagnóstico, como já foi dito, é eminentemente clínico, pela história e pelo exame físico. Nos casos em que houver dúvida, na necessidade de documentação por questões trabalhistas ou para quantificar a gravidade da compressão, pode-se lançar mão da Eletroneuromiografia (ENMG), que pode confirmar a doença e/ou diagnósticos diferenciais.

O tratamento da STC depende, fundamentalmente, do estágio em que se encontra a doença. Lesões com longo tempo de duração dificilmente apresentarão resultados excelentes. Por outro lado, lesões recentes, sem comprometimento da musculatura da mão, demonstram melhores taxas de resolução.
O tratamento conservador é eficaz em grande parte dos casos seguindo alguns parâmetros:
- Uso de órtese noturna.
- Aplicação de bolsa de gelo sobre a região do túnel do carpo
- Uso de Anti-inflamatórios não esteroidais (AINES)
- Fisioterapia do punho




Se tais medidas não obtêm o alívio esperado, podemos lançar mão do uso de corticóides intramusculares ou por infiltração do túnel do carpo.

Há duas situações que demandam o tratamento cirúrgico da STC:

- Refratariedade às medidas conservadoras
- Compressão nervosa acentuada, com danos às fibras do nervo.

"Postergar um procedimento cirúrgico poderá resultar em perda progressiva da força do polegar e em aumento do dano nas fibras do nervo Mediano, fazendo com que a lesão possa tornar-se irreversível!"

A cirurgia é um procedimento relativamente simples e rápido, feito geralmente em caráter ambulatorial, isto é, não necessita permanecer internado no hospital, e consiste basicamente da liberação do nervo mediano através da abertura do túnel do carpo.


Imagem evidencia esquema da técnica usualmente realizada por mim no tratamento cirúrgico da STC. Ao longo dos anos, com o aperfeiçoamento da técnica cirúrgica, as incisões têm ficado cada vez menores com um resultado clínico-funcional melhor.


 
No passado as incisões e dissecções eram muito maiores, aumentado significativamente a morbidade pós-operatória.


CLÍNICA DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA DR LUIZ FABIANO GOMES GULARTE
RUA SANTA CRUZ, 2072, CENTRO, PELOTAS/RS
TEL: (53) 3026-2166

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Saiba mais sobre as FRATURAS DO ANTEBRAÇO NA CRIANÇA

O Presidente da sede regional do Paraná da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, Roberto Luiz Sobania, fala sobre essas fraturas.

As fraturas do antebraço ocorrem normalmente devido a uma queda sobre o membro superior apoiado sobre o punho. Este é um problema de maior prevalência na infância e adolescência e corresponde de 30% a 50% de todas as lesões que acometem o esqueleto imaturo.

As fraturas de ambas as diáfises dos ossos do antebraço (rádio e ulna) são as mais comuns nesta região. A fratura isolada de uma delas é menos comum. Estas fraturas são a razão mais comum das crianças receberem cuidados ortopédicos e são consideradas como de tratamento complexo e com probabilidades de complicações se mal tratadas. ocorrência maior em crianças é devido à capacidade de deformidade óssea maior na idade mais nova, o que pode causar desde uma fratura plástica, onde não há lesão de nenhuma cortical, passando por fraturas incompletas, como as subperiostais, até as fraturas completas dos ossos do antebraço. No adulto deve ocorrer um trauma de maior energia e normalmente as fraturas são completas dos dois ossos do antebraço.  Nas crianças, quando bem tratadas elas evoluem muito bem desde que fiquem imobilizadas com gesso até a sua consolidação radiológica. Se forem mal tratadas ou se forem fraturas muito complexas, podem ocorrer sequelas, principalmente perda de movimento do antebraço em pronossupinação, causando dificuldades de fazer atividades de vida diária. "O tratamento cirúrgico deve ser deixado para casos especiais onde as reduções não são conseguidas."
Nas crianças, onde as fraturas são mais comuns, o tratamento é predominantemente conservador, sem cirurgia, com gesso braquiopalmar por pelo menos 8 semanas até a consolidação. Se necessário podem ser realizadas manobras de redução e então imobilizar. Quanto mais jovens as crianças, mais desvio se aceita, pois a remodelação óssea corrigirá o desvio. Quanto maior a idade, mais anatômica deve ser a redução e mais tempo ela demora para consolidar. O tratamento cirúrgico deve ser deixado para casos especiais onde as reduções não são conseguidas. Devem ser feitos acessos cirúrgicos para esta correção e consequente fixação (osteossíntese) com fios intramedulares ou, se o paciente for de uma idade maior (acima de 13 ou 14 anos), a fixação já pode ser feita com placas e parafusos, material este usado e indicado na maioria das fraturas dos adultos.
 

"Quando a fratura de ambos os ossos são no mesmo nível e transversas, indica um trauma direto sobre o antebraço."
 As fraturas do antebraço ocorrem normalmente devido a uma queda sobre o membro superior apoiado sobre o punho. Por um mecanismo indireto de rotação, o antebraço fratura e desvia para anterior ou posterior e em diferentes níveis. Quando as fraturas de ambos os ossos são no mesmo nível e transversas, indica um trauma direto sobre o antebraço.
A

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Saiba mais sobre os TUMORES ÓSSEOS


Tumores ósseos

Os tumores do sistema músculo-esqueléticos são doenças raras e de difícil tratamento. Por tumor devemos entender qualquer massa que ocupe espaço em um órgão ou estrutura onde não deveria existir. Aí estão incluídas as doenças benignas e as malignas (câncer). Como são doenças raras, raros também são os médicos especialistas na área, já que existem pouquíssimos centros de treinamento com experiência  no diagnóstico e tratamento destas patologias no Brasil e no mundo. No meu caso, fui acompanhar o serviço de Oncologia Ortopédica do maior centro da área na Europa, quiçá no mundo, o Instituto Ortopédico Rizzoli de Bolonha / Itália, chefiado pelo Professor Mario Mercuri. Não menos importante foi meu estágio na Santa Casa de Porto Alegre com o caríssimo doutor Alexandre Davi, pois ali adquiri experiência aprendendo novas técnicas e levando em conta as limitações da saúde no nosso país.
O fato que mais me preocupa, desde que iniciei minha prática clínica, é o número de pacientes que são submetidos a procedimentos cirúrgicos por profissionais não especializados nesta área, o que na maior parte das vezes leva a resultados trágicos para o paciente e sua famíla. Vejo cirurgias feitas de forma desnecessária, cirurgias mal feitas ou cirurgias que demoraram para ser realizadas. O objetivo aqui não é apenas criticar aos colegas que se arriscam nesses tratamentos baseados no "achômetro", mas alertar ao público leigo no assunto, quanto ao risco a que se expõem.
O tratamento dessas lesões é complexo, exige experiência no assunto e uma ampla gama de conhecimentos que extrapolam ao dia-a-dia do ortopedista geral.
Não permita que profissionais sem especialização em Oncologia Ortopédica tratem de você ou de seu familiar. Se seu carro apresenta um problema mecânico, você não procura um eletricista automotivo. Os dois trabalham em carros, mas têm especializações muito diferentes. Da mesma forma, não pense que todos os médicos são iguais e detentores de todo o conhecimento em todas as áreas. Alguns pacientes até comentam - "Médico é médico, né, sabe o que está fazendo". Isso é uma presunção perigosa! É por isso que gastamos muito tempo e esforço para fazermos uma boa especialização e darmos a você o melhor tratamento, com a maior chance de cura.

Saiba mais sobre a DOR NA COLUNA


Dor na coluna

Tenho dor nas costas. Por que não melhoro?

A queixa de dor nas costas é um dos sintomas mais comuns no consultório do ortopedista e é uma das principais causas de falta ao trabalho no Brasil. Existem diversas causas para estas dores. A mais comum é a dor de origem mecânica por alterações dos discos intervertebrais, os quais são como verdadeiros amortecedores e se encontram entre os diversos corpos vertebrais da coluna.
Com o passar dos anos, esses discos doentes favorecem à formação dos famosos “bicos de papagaio”, que nada mais são do que uma reação do organismo para proteger-se dos fatores agressivos causadores de dor. Uma vez que haja o “desgaste” desses discos, não há como reverter o processo, ou seja, não há uma cura definitiva. O desgaste desses discos acontece naturalmente com o avançar da idade, mas pode acelerar-se por várias razões, principalmente a obesidade, o sedentarismo e o tabagismo. Muitos pacientes procuram o médico pensando que não estão recebendo tratamento adequado, pois a dor não desaparece ou retorna depois de um tempo.

 O que acontece muitas vezes, é que tratam-se de pacientes com desgaste dos discos intervertebrais, obesos, fumantes e sedentários. Acreditam que existe um comprimido “mágico” que vai acabar com o problema. É claro que o medicamento tem um papel importante, porém as mudanças no estilo de vida têm o maior impacto na melhora da dor a longo prazo. É fundamental a conscientização do doente de que atividade física orientada, alongamentos, parada do fumo e perda de peso são condições indispensáveis para o controle da doença.

 Felizmente, são poucos os casos que tem indicação de tratamento cirúrgico. Esse último fica reservado aos casos mais graves ou com compressão grave dos nervos da coluna. Em síntese, todos devemos fazer uma auto-análise para saber porque não conseguimos melhorar da dor nas costas. Será que temos feito todo o possível para viver bem com a coluna que temos? Essa pergunta pode ser a chave para a melhora da nossa qualidade de vida.