Saiba mais sobre a DOR CRÔNICA
A dor crônica é uma condição
clínica que causa sofrimento e incapacidade em uma grande parcela da população.
Muitas vezes é de difícil controle, mas muito se tem pesquisado para aliviar o
sofrimento desses pacientes.
O Grito – Edvard Munch,
1893
Mas para continuar este artigo,
vamos inicialmente definir o que é dor.
Segundo a Associação Internacional
para o Estudo da Dor (IASP), a dor se caracteriza como uma “experiência
sensorial e emocional desagradável associada a um dano real ou potencial dos
tecidos, ou descrita em termos de tal dano. É uma experiência subjetiva e
pessoal, envolve aspectos sensitivos e culturais que podem ser alterados pelas
variáveis socioculturais e psíquicas do indivíduo e do meio”.
Ou seja, cada indivíduo sente dor a
sua maneira. Uma dor nunca é igual entre duas pessoas, mesmo quando o fator
causador é igual. Percebemos isso facilmente na prática clínica diária. Cada pessoa
reage ao estímulo doloroso de forma individual, baseado não apenas no aspecto
físico da agressão aos tecidos, mas também nas experiências semelhantes que já
passou ou presenciou na vida, na ansiedade, na insegurança, no medo; ou por
outro lado, na tranquilidade derivada da confiança de que tudo vai dar certo. Não
é à toa que Deus deu o encargo de gestar e parir às mulheres, pois em geral,
elas são muito mais corajosas e resistentes à dor aguda que os homens. Entretanto,
por serem muito mais sensíveis e emotivas sofrem muito mais de dor crônica. Pode
parecer bobagem, né. Mas sentimentos e emoções tem muito a ver com dor crônica.
PRINCIPAIS TIPOS DE DOR
•DOR
•NOCICEPTIVA
•NEUROPÁTICA
•MORAL
As principais causas de dor
nociceptiva são os traumas, os processos inflamatórios, infecciosos e a lesão mecânica
dos tecidos.
A dor neuropática acontece em
função de algum distúrbio das fibras dos nervos que transportam os impulsos
sensitivos. Pode acontecer em função de doença do próprio nervo ou de doenças
sistêmicas, sendo uma de suas principais causas o Diabetes.
Já sentimentos como a raiva, a
inveja, a culpa, o orgulho e alguns transtornos psiquiátricos causam o que
chamo de “dor moral”. Que, às vezes, é pior e mais duradoura do qualquer outra.
Mas a dor não é de todo ruim, não.
Ela é um dos mecanismos de autopreservação mais eficientes e rudimentares.
Casos raros de pessoas que nascem com uma anormalidade genética que as impede
de sentir dor, geralmente não chegam a viver além da adolescência. Imagine como
seria não ter o alerta da dor para nos livrar do perigo e nos avisar das lesões
ao organismo!
Apesar de ser um importante sinal
de alerta, nos casos de dor crônica mesmo com a retirada do estímulo nocivo ela
permanece.
Por definição, dor crônica é aquela
que dura continuamente por pelo menos 3 meses. Alguns autores divergem quanto
ao tempo, determinando que só é crônica depois de 6 meses. Cá entre nós, eu
prefiro a definição de 3 meses. Se não suportamos uma dor por uma hora, quem
dirá este tempo todo? Além do mais, 3 meses é tempo suficiente para alterar os
mecanismos biopsicossociais e neurofisiológicos que ajudam a perpetuar o
processo. Devido a sua longa duração, a dor crônica perde a função de manter a
homeostase e de ser sinal de alerta, causa comprometimento funcional,
sofrimento, incapacidade progressiva e custo socioeconômico. E ela é muito mais
comum do que você imagina. Segundo estatísticas da Organização Mundial da Saúde
(OMS), a dor crônica acomete cerca de 30% da população mundial. Só no Brasil, isso
corresponderia a mais de 60 milhões de pessoas, sendo que metade delas
apresenta algum comprometimento em sua rotina diária. Com o avançar da idade, o
problema agrava-se ainda mais. Estima-se que 80% a 85% dos indivíduos com mais
de 65 anos apresentem pelo menos um problema significativo de saúde que os
predisponham à dor. Não nos esqueçamos de que a expectativa de vida dos
brasileiros vem aumentando, o que fará com que os problemas crônicos
relacionados a idade como a artrite, a artrose, a osteoporose, o diabetes, etc.;
também aumentem fazendo com que cresça o número de pessoas necessitando
assistência médica para tratamento da dor.
Há muitas alternativas para o
controle da dor crônica. O tratamento passa obviamente pelo diagnóstico correto
da origem do problema. Cada patologia tem uma abordagem diferente, mas
raramente fácil. É comum vermos pacientes que vem passando por uma verdadeira
peregrinação de médicos, às vezes cinco, sete ou mais, com uma sacola enorme de
exames, sem alívio da dor. O médico lida frequentemente com um paciente impaciente,
querendo livrar-se imediatamente do problema com um comprimido ou uma fórmula
mágica, sem querer mudar nada nos seus hábitos diários. O paciente a seu turno,
lida muitas vezes com profissionais impacientes, que não gostam de ouvir, examinar,
investigar e entender os complexos mecanismos que levam aquele indivíduo à dor.
Preferem receitar logo um remédio e passar ao próximo cliente. Mas quando
paciente e médico doam-se integralmente, os resultados podem ser muito
favoráveis.
Nem sempre é possível eliminar
completamente a dor, pois às vezes a causa é derivada de processos
degenerativos irreversíveis, próprios da natureza do indivíduo. Mas é sempre
possível melhorar a qualidade de vida daqueles que sofrem.
Sempre é bom lembrar, que junto do comprimido
de remédio para a dor é importante receitar o comprimido de “paciência”. Os
problemas crônicos demoram para melhorar. Não é com um comprimido ou dois que o
problema vai desaparecer. Temos que entender isso para não perder a fé no
tratamento.
O por falar em fé, sabemos que ela
tem um papel importantíssimo no tratamento destes pacientes. Se a fé move
montanhas, será que ela não consegue atenuar uma dor? Há vários estudos ao
redor do mundo mostrando que sim. Muitos autores têm demonstrado que o fator
fé, religiosidade/espiritualidade tem se mostrado muito eficiente para aliviar
o sofrimento. Não se justifica com isso radicalismos, como abandonar o
tratamento médico convencional, mas é sem dúvida uma ferramenta de grande
utilidade para a maioria das pessoas, seja da religião que for. Se você é
católico, evangélico, espírita, budista, muçulmano, não importa. Todos os
caminhos te levam de alguma forma para Deus. Alguns são mais tortuosos que
outros, porém se dedicados ao bem e a reforma íntima, são experiências válidas
na senda do progresso moral. Associa-se também o tratamento
psiquiátrico/psicoterapêutico em casos selecionados, para um melhor resultado
no controle dos sintomas. Algumas vezes, como pano de fundo de uma dor rebelde,
encontramos uma profunda problemática existencial com muitos conflitos na
família, depressão, ansiedade, angústia, etc. Esses conflitos aumentam o
sofrimento e a percepção da dor, e a dor por sua vez, aumenta a depressão e a
ansiedade, formando uma bola de neve sem fim. Afinal, quem é feliz com dor?
Por isso, costumo recomendar além
do tratamento médico convencional, o tratamento psiquiátrico/psicoterapêutico quando
indicado e a terapêutica da fé. O estudo do Tratado de terapêutica da alma mais
completo, o Evangelho de Jesus, ajudou e tem ajudado inúmeras pessoas a superar
os mais diversos problemas há mais de dois mil anos. Estudo, trabalho edificante
e disciplina são ferramentas preciosas no combate ao sofrimento de toda a
ordem.
Por isso, se você sofre
intensamente com a dor crônica, não se desespere. Há sempre uma saída, uma
maneira de aliviar o martírio de quem sofre. Os ensinamentos deixados no
Evangelho, associados ao desenvolvimento progressivo da ciência que já olha para
os mistérios da física quântica para solucionar antigos problemas, ainda tem
muito a nos oferecer. Mas e você? O quanto você está disposto a mudar para ser
realmente feliz? Pense nisso.
Com este artigo não tenho a
intensão de esgotar o assunto, e nem o seria possível, mas tão somente de dividir
experiências e reflexões a respeito de assunto tão complexo e ao mesmo tempo
para mim, apaixonante.