domingo, 25 de janeiro de 2015

Saiba mais sobre DOR CRÔNICA


Saiba mais sobre a DOR CRÔNICA

A dor crônica é uma condição clínica que causa sofrimento e incapacidade em uma grande parcela da população. Muitas vezes é de difícil controle, mas muito se tem pesquisado para aliviar o sofrimento desses pacientes.

 
  O Grito – Edvard Munch, 1893

 

Mas para continuar este artigo, vamos inicialmente definir o que é dor.

Segundo a Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP), a dor se caracteriza como uma “experiência sensorial e emocional desagradável associada a um dano real ou potencial dos tecidos, ou descrita em termos de tal dano. É uma experiência subjetiva e pessoal, envolve aspectos sensitivos e culturais que podem ser alterados pelas variáveis socioculturais e psíquicas do indivíduo e do meio”.

Ou seja, cada indivíduo sente dor a sua maneira. Uma dor nunca é igual entre duas pessoas, mesmo quando o fator causador é igual. Percebemos isso facilmente na prática clínica diária. Cada pessoa reage ao estímulo doloroso de forma individual, baseado não apenas no aspecto físico da agressão aos tecidos, mas também nas experiências semelhantes que já passou ou presenciou na vida, na ansiedade, na insegurança, no medo; ou por outro lado, na tranquilidade derivada da confiança de que tudo vai dar certo. Não é à toa que Deus deu o encargo de gestar e parir às mulheres, pois em geral, elas são muito mais corajosas e resistentes à dor aguda que os homens. Entretanto, por serem muito mais sensíveis e emotivas sofrem muito mais de dor crônica. Pode parecer bobagem, né. Mas sentimentos e emoções tem muito a ver com dor crônica.

PRINCIPAIS TIPOS DE DOR





DOR
NOCICEPTIVA

NEUROPÁTICA

MORAL
 

 

 

As principais causas de dor nociceptiva são os traumas, os processos inflamatórios, infecciosos e a lesão mecânica dos tecidos.

A dor neuropática acontece em função de algum distúrbio das fibras dos nervos que transportam os impulsos sensitivos. Pode acontecer em função de doença do próprio nervo ou de doenças sistêmicas, sendo uma de suas principais causas o Diabetes.

Já sentimentos como a raiva, a inveja, a culpa, o orgulho e alguns transtornos psiquiátricos causam o que chamo de “dor moral”. Que, às vezes, é pior e mais duradoura do qualquer outra.

Mas a dor não é de todo ruim, não. Ela é um dos mecanismos de autopreservação mais eficientes e rudimentares. Casos raros de pessoas que nascem com uma anormalidade genética que as impede de sentir dor, geralmente não chegam a viver além da adolescência. Imagine como seria não ter o alerta da dor para nos livrar do perigo e nos avisar das lesões ao organismo!

 


 

Apesar de ser um importante sinal de alerta, nos casos de dor crônica mesmo com a retirada do estímulo nocivo ela permanece.

Por definição, dor crônica é aquela que dura continuamente por pelo menos 3 meses. Alguns autores divergem quanto ao tempo, determinando que só é crônica depois de 6 meses. Cá entre nós, eu prefiro a definição de 3 meses. Se não suportamos uma dor por uma hora, quem dirá este tempo todo? Além do mais, 3 meses é tempo suficiente para alterar os mecanismos biopsicossociais e neurofisiológicos que ajudam a perpetuar o processo. Devido a sua longa duração, a dor crônica perde a função de manter a homeostase e de ser sinal de alerta, causa comprometimento funcional, sofrimento, incapacidade progressiva e custo socioeconômico. E ela é muito mais comum do que você imagina. Segundo estatísticas da Organização Mundial da Saúde (OMS), a dor crônica acomete cerca de 30% da população mundial. Só no Brasil, isso corresponderia a mais de 60 milhões de pessoas, sendo que metade delas apresenta algum comprometimento em sua rotina diária. Com o avançar da idade, o problema agrava-se ainda mais. Estima-se que 80% a 85% dos indivíduos com mais de 65 anos apresentem pelo menos um problema significativo de saúde que os predisponham à dor. Não nos esqueçamos de que a expectativa de vida dos brasileiros vem aumentando, o que fará com que os problemas crônicos relacionados a idade como a artrite, a artrose, a osteoporose, o diabetes, etc.; também aumentem fazendo com que cresça o número de pessoas necessitando assistência médica para tratamento da dor.


Há muitas alternativas para o controle da dor crônica. O tratamento passa obviamente pelo diagnóstico correto da origem do problema. Cada patologia tem uma abordagem diferente, mas raramente fácil. É comum vermos pacientes que vem passando por uma verdadeira peregrinação de médicos, às vezes cinco, sete ou mais, com uma sacola enorme de exames, sem alívio da dor. O médico lida frequentemente com um paciente impaciente, querendo livrar-se imediatamente do problema com um comprimido ou uma fórmula mágica, sem querer mudar nada nos seus hábitos diários. O paciente a seu turno, lida muitas vezes com profissionais impacientes, que não gostam de ouvir, examinar, investigar e entender os complexos mecanismos que levam aquele indivíduo à dor. Preferem receitar logo um remédio e passar ao próximo cliente. Mas quando paciente e médico doam-se integralmente, os resultados podem ser muito favoráveis.

Nem sempre é possível eliminar completamente a dor, pois às vezes a causa é derivada de processos degenerativos irreversíveis, próprios da natureza do indivíduo. Mas é sempre possível melhorar a qualidade de vida daqueles que sofrem.

Sempre é bom lembrar, que junto do comprimido de remédio para a dor é importante receitar o comprimido de “paciência”. Os problemas crônicos demoram para melhorar. Não é com um comprimido ou dois que o problema vai desaparecer. Temos que entender isso para não perder a fé no tratamento.




O por falar em fé, sabemos que ela tem um papel importantíssimo no tratamento destes pacientes. Se a fé move montanhas, será que ela não consegue atenuar uma dor? Há vários estudos ao redor do mundo mostrando que sim. Muitos autores têm demonstrado que o fator fé, religiosidade/espiritualidade tem se mostrado muito eficiente para aliviar o sofrimento. Não se justifica com isso radicalismos, como abandonar o tratamento médico convencional, mas é sem dúvida uma ferramenta de grande utilidade para a maioria das pessoas, seja da religião que for. Se você é católico, evangélico, espírita, budista, muçulmano, não importa. Todos os caminhos te levam de alguma forma para Deus. Alguns são mais tortuosos que outros, porém se dedicados ao bem e a reforma íntima, são experiências válidas na senda do progresso moral. Associa-se também o tratamento psiquiátrico/psicoterapêutico em casos selecionados, para um melhor resultado no controle dos sintomas. Algumas vezes, como pano de fundo de uma dor rebelde, encontramos uma profunda problemática existencial com muitos conflitos na família, depressão, ansiedade, angústia, etc. Esses conflitos aumentam o sofrimento e a percepção da dor, e a dor por sua vez, aumenta a depressão e a ansiedade, formando uma bola de neve sem fim. Afinal, quem é feliz com dor?

Por isso, costumo recomendar além do tratamento médico convencional, o tratamento psiquiátrico/psicoterapêutico quando indicado e a terapêutica da fé. O estudo do Tratado de terapêutica da alma mais completo, o Evangelho de Jesus, ajudou e tem ajudado inúmeras pessoas a superar os mais diversos problemas há mais de dois mil anos. Estudo, trabalho edificante e disciplina são ferramentas preciosas no combate ao sofrimento de toda a ordem.

Por isso, se você sofre intensamente com a dor crônica, não se desespere. Há sempre uma saída, uma maneira de aliviar o martírio de quem sofre. Os ensinamentos deixados no Evangelho, associados ao desenvolvimento progressivo da ciência que já olha para os mistérios da física quântica para solucionar antigos problemas, ainda tem muito a nos oferecer. Mas e você? O quanto você está disposto a mudar para ser realmente feliz? Pense nisso.

Com este artigo não tenho a intensão de esgotar o assunto, e nem o seria possível, mas tão somente de dividir experiências e reflexões a respeito de assunto tão complexo e ao mesmo tempo para mim, apaixonante.